DOR RELACIONADA AO CÂNCER
A dor é um dos sintomas mais comuns no câncer e pode afetar muito a qualidade de vida. Neste artigo, explicamos por que ela acontece, como é avaliada e quais são as opções mais eficazes de tratamento para garantir conforto e bem-estar durante todas as fases da doença.
Matheus Grossi, MD
3/16/2024
Vamos falar sobre isso de uma forma simples e clara para te ajudar a entender melhor o que pode estar acontecendo.
Quando falamos de dor relacionada ao câncer, existem dois tipos principais: dor aguda e dor crônica.
Dor Aguda – Aquela dor que aparece de repente:
A dor aguda geralmente surge durante algum tratamento ou por causa do câncer. Ela pode ser intensa, mas, muitas vezes, é passageira.
Dor que vem diretamente do câncer:
Pode ocorrer um sangramento dentro do tumor.
Fraturas ósseas podem acontecer se o câncer se espalhou para os ossos.
Em alguns casos, um tumor pode bloquear ou perfurar um órgão, como o intestino ou o estômago.
Dor que aparece por causa do tratamento:
A quimioterapia pode causar inflamação na boca (chamada mucosite oral).
Um efeito comum da quimioterapia também é a neuropatia, que é um dano nos nervos e pode causar dormência ou formigamento.
Radioterapia pode gerar um aumento temporário da dor nos ossos e inflamação nos nervos (chamado de plexopatia).
Também é comum sentir dor no intestino ou reto após a radioterapia.
Dor Crônica – Quando a dor dura mais tempo:
Se a dor não passa, ela pode estar relacionada ao câncer em si ou aos efeitos de tratamentos que duram mais.
Dor nos ossos:
Se o câncer se espalhou para os ossos, principalmente no caso de câncer de pulmão, mama ou próstata, pode causar uma dor constante.
Dor muscular:
Certos tumores, como os sarcomas, ou até mesmo cãibras musculares podem provocar dor nos músculos.
Dor nos órgãos:
Fígado: Tumores no fígado podem causar dor nesta região.
Abdômen ou costas: Se o tumor está em uma área mais profunda do corpo (como nos tumores retroperitoneais), também pode causar dor.
Intestino: Alguns tumores podem bloquear o intestino, gerando dores crônicas.
Carcinomatose peritoneal:
Quando o câncer se espalha para o revestimento do abdômen, ele pode causar inchaço, náusea e constipação.
Outras dores que podem ocorrer são:
Neuralgia craniana, que é uma dor nos nervos da cabeça.
Radiculopatia, quando os nervos da coluna ficam comprimidos.
Plexopatia, que é a lesão nos nervos que formam uma rede no corpo.
Tratamento da Dor Relacionada ao Câncer – Alívio com Respeito e Cuidado
A dor oncológica pode surgir em diferentes fases da doença: no diagnóstico, durante o tratamento ou em estágios mais avançados. Pode ter origem tumoral direta (compressão nervosa, óssea ou visceral), ser consequência dos tratamentos (cirurgias, quimioterapia, radioterapia) ou coexistir com síndromes dolorosas não relacionadas ao câncer.
O manejo da dor no paciente oncológico vai muito além da prescrição de analgésicos. Exige sensibilidade, conhecimento técnico e uma abordagem individualizada que respeite o momento de vida de cada paciente.
1. Terapia Farmacológica - Escada Analgésica da OMS
Baseada em três níveis progressivos de medicação conforme a intensidade da dor.
Analgésicos comuns.
Opioides fracos.
Opioides fortes.
Adjuvantes como antidepressivos e anticonvulsivantes podem ser úteis, especialmente em dor neuropática.
2. Técnicas Intervencionistas para Dor Refratária:
Indicadas quando o tratamento medicamentoso não é suficiente ou causa efeitos adversos limitantes.
Bloqueios nervosos (ex: bloqueio de plexo celíaco para dor abdominal/pancreática).
Radiofrequência (modulação da dor em metástases ósseas ou neuralgias).
Neuroólise com álcool ou fenol: promove interrupção prolongada da condução da dor.
Implantes de bombas de infusão intratecal: em casos muito avançados e com dor intensa.
3. Atenção Integrada e Suporte Multidisciplinar:
Envolve cuidados paliativos, psicologia, nutrição e fisioterapia.
Controle de sintomas como fadiga, insônia e ansiedade também influencia no controle da dor.
O objetivo é sempre preservar qualidade de vida, dignidade e autonomia.
Espero que esse texto tenha ajudado a esclarecer um pouco sobre as dores relacionadas ao câncer. Se você tiver dúvidas, não hesite em perguntar ao seu médico!
O texto acima é apenas informativo, procure seu medico para melhor esclarecimento e melhor investigação do seu quadro de dor.
Referencia:
Portenoy KR, Dhingra KL. Overview of cancer pain syndromes. Em: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Abrahm J. (Acessado em 10 de dezembro de 2024).
WHO (Organização Mundial da Saúde) – "Cancer Pain Relief – Guidelines with the WHO analgesic ladder".
2. Caraceni A et al., 2012 – "Use of opioid analgesics in cancer pain: ESMO Clinical Practice Guidelines" – Annals of Oncology.
3. Deer TR et al., 2017 – "Interventional techniques for cancer pain management" – Pain Physician.
4. IASP - International Association for the Study of Pain – Guidelines on Cancer Pain Management.
A dor não precisa ser mais um sofrimento na jornada contra o câncer.
"A dor não precisa fazer parte da sua rotina durante o tratamento do câncer. Com respeito, acolhimento e recursos modernos — como bloqueios, terapias medicamentosas avançadas e cuidados paliativos integrados — é possível aliviar o sofrimento e resgatar qualidade de vida. Cada paciente merece viver com dignidade e conforto em todas as fases da jornada."
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Dr. Matheus Pereira de Miranda Grossi
CRM-MG -72960
Anestesiologia - RQE Nº: 57309
Medico da Dor - RQE Nº: 63808